Mergulho através do teu amor, mas nem por isso me diluo como a gota d’água no oceano, porque o próprio oceano se constitui das miríades de gotas emanados do Ser Absoluto!” Mirian de Midgal – Herculano Pires
Passei a vida buscando o amor e ao mesmo tempo o destruindo dentro de mim. E eis que surges e me envolves no teu olhar e derramas em meu coração palavras doces do qual minha alma há muito ansiava desesperadamente ouvir, para entrar na cadência florescente do universo e descubro o amor. Mas, o que é o amor? Não! Não me responda, pois nem mesmo a tua experiência e maturidade não seriam capazes de responder. Quero eu própria descobri-lo e as respostas encontro na proporção em que este se desenvolve em mim. Não sei como explicá-lo e muito menos se conseguirei defini-lo. Como traduzir em palavras ou conceitos este sentimento transcendental? Ele me arrebata e ao mesmo tempo me liberta. Os teus olhos me detém e repercutem pelo meu corpo, como o maestro assim o faz com o teclado de um piano e recebe de volta a sinfonia ao qual deleita os seus sentidos puros, aguçados. Teu olhar avança para as minhas profundidades como a luz solar nas profundezas dos vales.
Este amor que faz-me aquietar-se e escorrega para o centro do meu eu. Só então senti o teu amor e a ele respondi com um amor que eu mesma não podia suspeitar que existisse em mim.
Todas as fibras do meu coração se tornaram sensíveis como as cordas de uma lira. É a harmonia do amor, semelhante a harmonia das esferas brotou do meu ser.
O amor se me apresenta, não como o deus Eros dos Gregos, mas como uma forma sutil de harmonia. Arrebata-se em sua suavidade! Não tem a fúria das paixões, não me arrasta pelas fibras da carne e dos nervos. Não me perturba a mente como o delírio dos sentimentos confusos e controversos. O arrebatamento do amor é o do êxtase e nasce, talvez, da contemplação. A luz dos teus olhos se refletem nos meus e a luz dos meus se expandem nos teus. Todo o meu corpo é uma irradiação, como a Lua envolvendo a Terra, e o meu corpo é uma entrega á imponderável sugestão do teu. Sinto tuas mãos á distancia das minhas, e no entanto as minhas mãos pousam nas tuas como a ternura das palavras de um belo poema pousa, suave, em nossos ouvidos sem tocá-los. Teu coração marca o ritmo do meu, que acompanha ao inverso nas sístoles e diástoles, pois é na aparente oposição que os corações se ajuntam. Quando o teu coração se abre na diástole o meu se fecha na sístole, porque um deve preencher o vazio do outro na plenitude do amor para que o outro atualize. Em vão busquei a plenitude no amor sensual! Os corações que me chegavam eram duros, frios e vorazes. Não me apeteciam! Fechavam-se na sístole e o meu não lhes respondia, porque não havia perguntas nem respostas no diálogo do amor sensual, de Eros! Só havia demência das paixões, o conflito dos instintos. E depois o fastio, o tédio que gera a nova busca da plenitude quase impossível, sempre pelos mesmos meios. Se o mundo tivesse conhecido o amor verdadeiro não precisávamos estar aqui, entregando-se por amor á fúria do mundo, porque muitos nunca provaram a taça do amor pleno. Este é o meu instante! O instante que me deste nos limites imponderáveis do tempo com a eternidade. Minha alma fragmentária encontrou a sístole de si mesma ao impulso do teu amor. A consciência global que em mim desperta estabelece a sintonia cósmica do meu ser com o amor absoluto. FIZ ESTE TEXTO APÓS LER O LIVRO MIRIAN DE MIDGAL...ou Maria Madalena |
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