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terça-feira, 5 de outubro de 2010

Apontamentos




Quanto tempo casto gasto pra fazer o verso. Que só faço quando lasso enlaço a lua? Quantas rimas primas principio do precipício. Mas antes do fio o poema já chegou ao fim? Quantos rostos toscos ponho face a face. Com o espelho do Evangelho e nasce um beijo? Quantas palavras gastas no cio e no silêncio. Mas quando balbucio crio uma orgia de almas? Quantas histórias desbotadas pela tinta da memória. Repinto num pedaço de papel de mim poeta? Quantos músculos exaustos gesticulo e pulo. Por cima do mais alto muro que não cerca a poesia? Quantos livros em branco arranco as páginas. E preencho com romances dignos de Dostoiévski? Quantos títulos vitalícios invento sem intento. De me tornar autor de clássicos de qualquer espécie? Quantas estrofes esquizofrênicas saltam dos meus dedos... Longos longe de eu ser uma Cecília Meireles? Quantos cantos eternos, efêmeros ou meros.Alexandrinos miro sem a mira de um Dante ou Homero? Quantos decassílabos esmiúço amiúde e jamais. Pude comparar-me um centímetro com Vitor Hugo? Quantos heterônimos reais recriei ao meu redor... Fingindo para mim mesmo que eu paria Pessoas? Paro aqui estas interrogações quase infinitas... E aborto o poema, ou repontuo-o de vãs exclamativas? ( Ramúcio, Pedro, Obra: Ponto e Vírgula) 

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